A Editora Pública Dalcídio Jurandir, da Imprensa Oficial do Estado do Pará (Ioepa), comemorou seis anos de fundação, nesta terça-feira (19), com um lançamento especial na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no Hangar. Pela primeira vez, em uma edição da Feira, a Editora publicou uma obra do autor que lhe dá nome: o romance “Chove nos Campos de Cachoeira”, clássico da literatura amazônica.
Criada em 2019, por meio do Decreto nº 272, assinado pelo governador Helder Barbalho, a Editora da Ioepa já viabilizou quase 200 obras de escritores paraenses, sempre com foco nas produções literárias da Amazônia. A atual gestão da Imprensa Oficial ressignificou o papel da instituição, tradicionalmente voltada à publicação de atos oficiais, e implantou a Editora como espaço de valorização da memória e da literatura do Pará.
Lançamento especial -Publicado originalmente em 1941 pela Editora Vecchi, “Chove nos Campos de Cachoeira” foi o primeiro romance de Dalcídio Jurandir, escritor paraense nascido em Ponta de Pedras, no Marajó. A obra recebeu o primeiro lugar em concurso promovido pela revista Dom Casmurro, em um júri que contou com nomes como Jorge Amado e Oswald de Andrade. O livro inaugura o Ciclo do Extremo Norte, conjunto de 10 romances que serão relançados pela Editora Dalcídio Jurandir.
O romance conta a saga de Alfredo, personagem considerado um alter ego de Dalcídio, e traz elementos de crítica social e cultura, que consagraram o escritor como um dos maiores nomes da literatura brasileira.
Relíquia preservada -A nova edição foi preparada a partir da edição original, encontrada de forma inusitada e hoje guardada como relíquia pela Editora da Ioepa.
“Em uma reunião na Biblioteca Municipal de Soure, vi que alguns livros estavam sendo descartados. Entre eles, encontrei um exemplar da primeira edição de ‘Chove nos Campos de Cachoeira’. Resgatamos o livro e o preservamos, e ele serviu de base para esta nova publicação”, contou o coordenador da Editora, Moisés Alves.
A revisão literária ficou a cargo da pesquisadora Regina Costa, doutora em Estudos Literários, que destacou a relevância da obra. “Este livro foi objeto do meu Mestrado e Doutorado. Sempre me encantei pela força literária de Dalcídio. Ele traz em sua escrita uma Amazônia crítica, social e culturalmente muito rica”, afirmou.
Compromisso com a literatura amazônica -Durante o lançamento, o presidente da Ioepa, Jorge Panzera, ressaltou o compromisso da Editora em difundir a obra de Dalcídio Jurandir. “Iremos publicar todos os dez livros do Ciclo do Extremo Norte, para colocar nas mãos do povo paraense a obra de um dos maiores escritores do Brasil. Dalcídio fez um mergulho profundo no imaginário amazônico, sendo um verdadeiro homem da Amazônia. Ele representa com maestria a essência do nosso povo e a riqueza da nossa literatura”, destacou.
Com seis anos de atuação, a Editora Dalcídio Jurandir se consolida como referência na preservação e difusão da literatura paraense, reafirmando o papel da Ioepa como instrumento de valorização cultural e histórica do Pará.