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Pesquisadores da UEPG registram formação de anéis planetários em tempo real
Foto: Reprodução/UEPG O egresso Chrystian Luciano Pereira e o professor Marcelo Emílio, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em parcer...
13/11/2025 14h50
Por: Redação Fonte: UEPG

Foto: Reprodução/UEPG

O egresso Chrystian Luciano Pereira e o professor Marcelo Emílio, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em parceria com astrônomos internacionais, confirmaram pela primeira vez a formação de anéis ao redor de Chiron, um pequeno corpo do Sistema Solar. A descoberta foi publicada no artigo The rings of (2060) Chiron: Evidence of an evolving system (Os anéis de (2060) Chiron: Evidências de um sistema em evolução), na prestigiada revista The Astrophysical Journal Letters. Os resultados mostram que as estruturas de Chiron mudaram ao longo dos últimos anos, um indício de que o Sistema Solar está em constante evolução.

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“Foi uma grande surpresa a gente ter visto esse sistema de anéis ao redor do Chiron, como ele está no momento, pois eu o acompanho desde 2018, mas temos colegas do grupo que observam desde 2011”, conta Chrystian. O egresso é graduado em Física pela instituição e atualmente cursa Doutorado no Programa de Pós-Graduação de Astronomia do Observatório Nacional. “Desde que esse objeto foi descoberto, em 1977, ele tem umas umas características muito curiosas, ele se parecia com um cometa, mas também foram detectadas estruturas ali nos arredores dele, que a gente não sabia o que era”, explica.

Chiron tem cerca de 200 km de diâmetro e orbita o Sol entre Saturno e Urano, e sempre foi um forte candidato a possuir anéis, pela sua atividade cometária e à assinatura de material adicional nas observações de ocultações estelares no passado. “Nos chamou a atenção o aumento de material na região do anel, como se o Chiron tivesse expelido material de alguma forma, e isso estava sendo visto desde a década de 1990, mas nos últimos quatro anos a gente notou um aumento desse material, que se distribuiu no plano dos anéis”, complementa Chrystian. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que apenas planetas gigantes, como Júpiter e Saturno, poderiam ter anéis – estruturas formadas de poeira e outras pequenas partículas que orbitam em torno de um corpo celeste.

Trabalho constante

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Mas isso mudou com a descoberta dos anéis ao redor do Centauro Chariklo em 2013, seguida pelo planeta-anão Haumea (2017) e pelo objeto Transnetuniano Quaoar (2023) . O professor do Departamento de Geociências da UEPG, Marcelo Emílio, participou da campanha Centauro Chariklo, publicada na Revista Nature. “Foi um resultado histórico, porque até então acreditava-se que apenas planetas gigantes poderiam ter anéis. Depois disso, as campanhas ficaram ainda mais frequentes, e nós contribuímos também com a identificação de um segundo anel em Quaoar, entre outros eventos relevantes”, recorda o docente.

Emílio, que também assina o artigo publicado recentemente, destaca que a observação dos anéis de Chiron está inserida em um trabalho contínuo, realizada há muitos anos na UEPG com eventos de ocultações estelares. “Esse tipo de observação é muito colaborativo: quando um objeto distante, como um centauro, passa na frente de uma estrela, ele projeta na Terra uma sombra muito estreita, da ordem de algumas centenas de quilômetros”. Para registrar esse fenômeno, é preciso vários telescópios distribuídos ao longo dessa faixa. “Assim, cada observador contribui com um “pedaço” da informação. É como montar um quebra-cabeça planetário”.

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Quando Chiron foi observado pela primeira vez, em 1990, os cientistas propuseram a existência de jatos confinados – processo em que o gelo e gases aprisionados sob a crosta são liberados em jatos quando o calor do Sol aquece a superfície e faz o gelo sublimar. Dados de 2011 foram interpretados como anéis e como cascas de poeira por autores diferentes. Mas foi só com novos dados de 2023, analisados juntamente com dados de 2011, 2018 e 2022, que foi possível afirmar que as estruturas observadas, de fato, se caracterizam como anéis densos ao redor de Chiron. “Então, nesse trabalho, a gente conseguiu confirmar que esses que essas estruturas são anéis de fato, por conta desses estudos que vêm sendo realizados há muitos anos”, salienta Chrystian.

Para o professor Marcelo Emílio, que coorienta Chrystian no Doutorado, esse resultado é particularmente significativo para a UEPG, porque é fruto de uma trajetória de formação de novos pesquisadores. “O fato de nossos alunos contribuírem para descobertas publicadas em revistas internacionais mostra que fazemos ciência de ponta aqui, formando jovens capazes de realmente avançar o conhecimento sobre o universo. É, sem dúvida, uma oportunidade única como pesquisador”.

Texto: Jéssica Natal, com informações da Agência Brasil | Fotos: Aline Jasper e Jéssica Natal