O Dezembro Laranja é o mês dedicado à conscientização e prevenção do câncer de pele, o tipo de câncer mais frequente no Brasil. A Secretaria da Saúde (Sesa) utiliza esse período para reforçar orientações importantes à população, alertando sobre cuidados essenciais, fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce da doença.
Os raios ultravioleta emitidos pelo sol são o principal agente causador do câncer de pele. Por isso, a proteção solar deve ser um hábito diário e constante desde a infância. Isso inclui o uso de roupas adequadas (preferencialmente com proteção UV), chapéus, óculos escuros e protetor solar reaplicado ao longo do dia, especialmente em regiões com maior exposição solar e entre trabalhadores do campo. Agricultores, pescadores e profissionais que atuam longos períodos ao ar livre estão entre os grupos de maior vulnerabilidade.
O Câncer de pele compreende tumores que se originam nas células cutâneas (pele). Os dois principais grupos são o do câncer de pele não-melanoma (carcinomas basocelular e espinocelular), mais frequente, geralmente de crescimento mais lento e com alto índice de cura se descoberto cedo, e o câncer de pele melanoma, menos comum, porém, mais agressivo, e com maior risco de metástase se não for tratado precocemente.
A Estimativa de Incidência de Câncer do Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê para o triênio 2023–2025 no Espírito Santo cerca de 90 casos anuais de melanoma, com taxa bruta combinada de aproximadamente 2,04 casos por 100.000 habitantes.
Já para o Câncer de pele não-melanoma (carcinomas), a estimativa anual é de 5.410 casos, com taxa bruta combinada de aproximadamente 128,88 casos por 100.000 habitantes.
O Espírito Santo está em uma região com elevada incidência de raios ultravioleta, o que aumenta o risco de lesões de pele pela exposição solar. No meio rural capixaba, trabalhadores da lavoura estão entre os mais vulneráveis, devido às longas horas de trabalho expostos ao sol. Outro fator relevante é a pele muito clara que não se bronzeia, apenas “fica vermelha”, o que aumenta o risco de desenvolver a doença.
A médica e referência técnica da Gerência da Política e Organização das Redes de Atenção à Saúde (Geporas) Morgana Stelzer Rossi, explica que o câncer de pele pode se manifestar de diferentes formas e reconhecer esses sinais precocemente é fundamental para aumentar as chances de cura da doença. “Observar manchas que coçam, descamam ou sangram; feridas e nódulos que não cicatrizam em até quatro semanas; pintas (sinais) que mudam de cor, tamanho ou formato, nódulos ou lesões endurecidas na pele, é fundamental para o diagnóstico precoce de uma lesão suspeita”, orienta a médica.
Tratamento
O tratamento do câncer de pele pode variar de acordo com o tipo e grau da lesão. A escolha do tratamento é individualizada, levando em consideração a eficácia, os possíveis efeitos colaterais e o impacto na qualidade de vida do paciente
O câncer de pele não melanoma surge nas células da pele que não produzem melanina, é comum e possui baixa letalidade. Seu tipos mais frequentes são:
- Carcinoma basocelular (CBC), costuma aparecer como um nódulo ulcerado, avermelhado, brilhante e com crosta central que sangra facilmente, podendo também parecer uma lesão de eczema ou psoríase.
- Carcinoma espinocelular (CEC), geralmente surge em áreas com danos causados pelo sol, formando ferida espessa, avermelhada, descamativa, que sangra e não cicatriza, podendo lembrar uma verruga.
Em geral, esses tipos têm uma alta taxa de cura quando tratados precocemente e os tratamentos incluem: cirurgia excisional, que é a retirada da lesão com margens de segurança, um tratamento é padrão; a cirurgia de Mohs, que é indicada para áreas delicadas do rosto ou tumores recidivados; realização de terapias tópicas com o uso de imiquimode e 5-FU para lesões superficiais; a crioterapia que consiste na destruição das células comprometidas com auxílio do nitrogênio líquido, para as lesões pequenas; a radioterapia uma alternativa para quem não pode realizar cirurgias ou para portadores de tumores avançados, além das terapias sistêmicas, que são como inibidores de Hedgehog (para CBC avançado) ou imunoterapia (CEC avançado).
O Câncer Melanoma, tipo de tumor mais agressivo, exige uma abordagem mais ampla. O tratamento depende do estágio da doença, da localização do tumor e também da saúde geral do paciente. Suas vias de tratamento podem incluir a remoção cirúrgica do melanoma; a utilização de imunoterapia; terapia-alvo; quimioterapia e a radiação.
Dicas de prevenção para o dia a dia
Evite exposição solar entre 10h e 16h, período em que a radiação ultravioleta é mais intensa. Caso precise se expor, use protetor solar com fator de proteção adequado (FPS 30 ou maior), aplicando novamente a cada 2 horas ou após transpiração excessiva.
Utilize roupas com proteção UV, especialmente no caso de trabalhadores expostos constantemente ao sol, como agricultores, pescadores, coletores de limpeza pública e demais profissionais que atuam ao ar livre.
Em parques ou durante a realização de caminhadas, se possível, prefira áreas sombreadas e busque proteção física sempre que possível.
Use acessórios de proteção, como chapéus de aba larga, óculos com filtro UV e camisas de manga longa.
Faça o autoexame da pele, observando manchas, pintas, feridas ou qualquer alteração suspeita.
Evite bronzeamentos artificiais, que aumentam significativamente o risco de melanoma.
É importante também redobrar o cuidado com as crianças e pessoas idosas durante o tempo de exposição solar. As queimaduras solares na infância aumentam o risco de câncer de pele na vida adulta e os idoso geralmente têm a pele mais sensível.
Diagnóstico e atendimento
O SUS oferece o atendimento em todo o Espírito Santo. Ao notar qualquer alteração suspeita na pele, o cidadão deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima a sua residência. Após consulta e avaliação clínica, o paciente poderá ser encaminhado para exames e para a regulação, com direcionamento ao especialista, como dermatologista ou cirurgião, conforme disponibilidade de vaga.
Dados
Em 2024, foram registrados 5.699 novos casos de câncer de pele (112 casos de Melanoma e 5.587 casos de outras neoplasias malignas da pele). Entre janeiro a setembro de 2024, foram 4.780 registros (96 casos de Melanoma e 4.684 de outras neoplasias malignas da pele).
Em 2025, no mesmo período de janeiro a setembro, foram registrados 3.260novos casos (19 casos de Melanoma e 3.241 casos de outras neoplasias malignas da pele). Os dados são preliminares e sujeitos à atualização.
No Espírito Santo, de janeiro a setembro de 2025, ocorreram 2.397 internações por câncer de pele. Enquanto no mesmo período em 2024, foram 1.637 registros de internações. Já durante todo o ano de 2024, foram registradas 2.256 internações. (Dados Sesa – NEPSS em 01/12/25).
Quanto aos dados sobre os óbitos por câncer de pele, segundo fonte do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), foram registrados no Estado em 2024, 132 mortes, sendo 84 registradas no período de janeiro a setembro. Já em 2025, de janeiro a setembro, foram registrados 98 óbitos por decorrência da doença. (SIM - Em 01/12/25).
Programa de Assistência Dermatológica (PAD)
O Programa de Assistência Dermatológica (PAD) da Ufes em parceria com a Secretaria da Saúde (Sesa) e visa à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de pele no Espírito Santo. O PAD atende em 11 municípios capixabas, em regiões consideradas estratégicas. As equipes contam com profissionais e residentes em Saúde Coletiva do ICEPi.
O PAD conta com uma equipe multidisciplinar formada por cirurgiões plásticos, dermatologistas da Sesa, acadêmicos de Medicina da Ufes, alunos de Ciência da Computação, técnicas de Enfermagem, motoristas da universidade, além da coordenação administrativa, de um médico e do coordenador do Padtech, responsável pela incorporação de novas tecnologias ao programa.
Dados do PAD
Durante todo o ano de 2024, o de Assistência Dermatológica (PAD), realizou 2.454 consultas, 1.423 cirurgias e 7.883 crioterapias no Estado.
Já em 2025, de janeiro a novembro, o PAD, contemplou 2.157 consultas, 1.205 cirurgias e 7.902 crioterapias no Estado. (Dados parciais até novembro).
Tecnologia a serviço da saúde: Padtech
O Padtech é um projeto de inovação tecnológica desenvolvido pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) dentro do Programa de Assistência Dermatológica e Cirúrgica (PAD). É fomentado pela Secretaria da Saúde (Sesa), por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi). Desde 2022, O projeto auxilia profissionais de saúde na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de pele. A iniciativa facilita a triagem, o encaminhamento e o diagnóstico precoce, especialmente em áreas rurais e remotas, onde o acesso ao dermatologista é limitado.
Os atendimentos ocorrem majoritariamente em comunidades rurais, com foco em trabalhadores da agricultura, um dos grupos mais afetados pela exposição solar intensa.
O Espírito Santo tem hospitais qualificados para a realização do tratamento de câncer. Entre eles, estão:
Hospital classificado como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON)
- Hospital Santa Rita de Cássia (HSRC-AFECC) – instituição filantrópica conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS);
Hospitais classificados como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON)
- Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (HECI) – instituição filantrópica, conveniada ao SUS;
- Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg) - Unacon exclusiva de Oncologia Pediátrica.
- Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) – instituição pública federal, vinculada à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes);
- Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória (HSCMV) – instituição filantrópica, conveniada ao SUS, vinculada à instituição de ensino Emescam;
- Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV) – instituição filantrópica, conveniada ao SUS, vinculada à instituição de ensino Univix;
- Hospital Maternidade São José (HMSJ) – instituição filantrópica, vinculada ao SUS;
- Hospital Rio Doce – instituição filantrópica, vinculada ao SUS.
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