A Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE), em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), deu início nesta segunda-feira (10), à 5ª edição do Curso Nacional de Polícia Comunitária Aplicada – Nível Multiplicador. A formação, que reúne 35 profissionais do Ceará e da Colômbia, tem como objetivo fortalecer estratégias de segurança pública baseadas na prevenção de conflitos, na proteção a grupos vulneráveis e na integração territorial, com ênfase no intercâmbio de experiências internacionais.
Durante a solenidade, a coordenadora de Políticas de Prevenção e Polícia Comunitária da Senasp, Sylvana Santos Pereira, enfatizou a relevância desta edição do curso, que, pela primeira vez, conta com participantes internacionais. “Esta edição é histórica: além de consolidar cinco anos de formação, introduzimos uma perspectiva global com alunos de nove países, incluindo representantes da Colômbia. Ainda em 2025, teremos uma turma exclusiva para profissionais colombianos”, declarou.
A coordenadora destacou Fortaleza como sede estratégica do curso: “O Ceará foi escolhido por ser referência nacional na filosofia de Polícia Comunitária, com práticas já implementadas e consolidadas. Esse ecossistema permite trocas ricas entre os participantes”, explicou.
Entre os participantes, estão 19 agentes brasileiros – incluindo representantes da Polícia Militar e das guardas municipais de Fortaleza, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Caucaia – e 15 policiais da Polícia Nacional da Colômbia. A iniciativa integra o projeto trilateral “Modelo de Gestão Policial para Resposta às Necessidades Cidadãs”, desenvolvido em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e o Programa de Parceria Brasil-Japão (JBPP).
Em seu discurso de abertura do curso, o diretor-geral da Aesp/CE, delegado Leonardo Barreto, enfatizou a relevância da cooperação institucional. “Essa integração e esse relacionamento cada vez mais estreito e próximo nos fortalecem no combate, na prevenção e na repressão às atividades criminosas, notadamente à criminalidade violenta urbana. Percebemos que as organizações criminosas e as facções agem de modo muito fluido e rápido, e nós, que compomos a segurança pública, devemos seguir essa mesma toada e atuar com eficiência”, ressaltou.
O diretor-geral também destacou o papel da Aesp/CE como referência nacional na formação inicial e continuada de policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e servidores da Perícia Forense. “Gostaria de enaltecer a escolha da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará para sediar este importante curso de Polícia Comunitária – Nível Multiplicador. Isso nos deixa muito orgulhosos e satisfeitos, pois demonstra que o Ceará é referência nessa área”, concluiu Barreto.
Com carga horária de 80 horas-aula, a capacitação aborda conteúdos como: princípios da Polícia Comunitária Aplicada; comunicação e relacionamento comunitário; mobilização social e redes de apoio; mediação e resolução pacífica de conflitos; direitos humanos e diversidade étnico-sociocultural; inteligência policial comunitária baseada em dados, entre outros temas que buscam reforçar as políticas de segurança do Ceará, preparando agentes para atuação preventiva, especialmente em áreas vulneráveis.
Em seu discurso, o secretário municipal da Segurança Cidadã de Fortaleza, coronel Márcio Oliveira, ressaltou a relevância da capacitação permanente para profissionais de segurança pública do Ceará e da Colômbia. “Tenho convicção no modelo de polícia de proximidade, aquela que estabelece diálogo constante com as comunidades, especialmente junto às populações vulneráveis. Nesse contexto, a formação continuada conduzida pela Aesp/CE se consolida como instituição de referência na produção de conhecimento especializado, prestando serviços essenciais não apenas às nossas forças de segurança, mas também em âmbito nacional e internacional”, declarou.
Márcio destacou ainda o valor estratégico da cooperação internacional: “Este intercâmbio Brasil-Colômbia transcende o aprendizado unilateral. Enquanto observamos experiências colombianas, também compartilhamos nossa expertise, criando sinergias para o fortalecimento institucional das forças de segurança”. O secretário finalizou com expectativas concretas: “Ao término desta formação, almejamos profissionais mais capacitados para diagnosticar desafios comunitários e, principalmente, atuar como agentes transformadores na construção de uma sociedade segura, igualitária e socialmente justa”.
A aula inaugural foi ministrada pelo tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Isângelo Senna da Costa, especialista em operações do Programa Multiplicador de Polícia Comunitária e atual chefe da Coordenação de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas da Secretaria de Segurança Pública do DF. Em sua palestra, abordou a Prevenção Criminal pelo Design Ambiental (CPTED) e suas aplicações práticas nas atividades de polícia comunitária. O segundo painel contou com a participação do delegado da Polícia Federal Flávio Rolim, que discutiu violência escolar, apresentando estratégias de identificação, prevenção e enfrentamento desse fenômeno no contexto educacional.
A major Paola Mojica, da Polícia Nacional da Colômbia e uma das participantes do curso, ressaltou a relevância da iniciativa no Brasil. “Este é um espaço muito importante para nós, pois, com o novo modelo de serviço policial que está sendo implementado no nosso país, queremos reforçar toda a questão do contato com a comunidade”, explicou a oficial.
A delegação colombiana trouxe 15 profissionais para fortalecer as competências de policiamento comunitário. Mojica destacou ainda a parceria institucional: “A oportunidade que a Polícia Brasileira está nos dando nesses 15 dias é muito importante”, finalizou.
A capacitação promovida pela Aesp/CE e pela Senasp busca reforçar as políticas de segurança do Ceará ao preparar agentes para atuação preventiva, especialmente em áreas vulneráveis. A participação de profissionais colombianos amplia o diálogo sobre desafios transnacionais, como violência e exclusão social, promovendo respostas integradas entre os países.
O tenente-coronel Mendes, comandante do Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), que também participa do curso, reforçou o objetivo da capacitação: “Nosso anseio é melhorar, a cada dia, o trabalho da PMCE, realizado hoje por meio do Copac e de outras instituições, para oferecer o melhor serviço possível aos cearenses”, finalizou.