Geral SAÚDE
Serviço de Cardio-Oncologia do HOL avança no monitoramento das doenças cardíacas
Especialidade garante um acompanhamento integral e personalizado, preservando a saúde do coração e a qualidade de vida dos pacientes
12/03/2025 09h16
Por: Redação Fonte: Secom Pará

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no Brasil e no mundo, com cerca de 1.000 óbitos diários. Na oncologia, o monitoramento cardíaco é crucial para a detecção precoce de alterações nas funções cardíacas provocadas pelas intervenções terapêuticas de combate ao câncer. Para reduzir os riscos de complicações, o Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, criou em 2024 o primeiro Serviço de Cardio-Oncologia da Região Norte e tem investido na aquisição de avançadas ferramentas de diagnóstico, como o ecocardiograma com estresse farmacológico.

Um dos pacientes submetidos ao teste foi Edna Serra, de 62 anos. Em controle do câncer, ela é cardiopata e possui um stent (pequeno dispositivo inserido nas artérias para prevenir ou evitar obstruções no fluxo sanguíneo). "A cardiologista recomendou o exame para avaliar a saúde do meu coração, já que tenho histórico de problemas cardíacos. Fiz quimioterapia e radioterapia, e ela sugeriu o exame como medida preventiva. Eu me encontrei no SUS. Aqui, no hospital, sou acompanhada por excelentes médicos e tenho acesso a todos os meus exames", afirmou.

O exame combina ultrassom Doppler e ecocardiograma para avaliar a função cardíaca após o paciente receber medicamentos que aumentam os batimentos cardíacos, simulando um esforço físico sem a necessidade de atividade física real. Durante o teste, são monitoradas as válvulas, os batimentos cardíacos, a contratilidade (capacidade do músculo cardíaco de se contrair), a pressão arterial, a frequência cardíaca e a oxigenação, observando a resposta do coração tanto em repouso quanto sob esforço máximo.

A cardio-oncologista e chefe do serviço, Louise Machado, esclarece que o uso de quimioterápicos e radioterapia pode levar a uma série de complicações cardíacas. Segundo, ela, existem três principais cenários para a indicação do exame: antes do tratamento para avaliar pacientes que farão quimioterapias com risco aumentado de infarto; monitoramento da cardiotoxicidade, pois alguns tratamentos aceleram o depósito de gordura no coração e a avaliação da dor torácica a fim de evitar interrupções no tratamento.

Os bloqueios hormonais utilizados no tratamento de cânceres de mama e próstata aumentam o risco de obstruções nas artérias coronárias, exigindo um acompanhamento rigoroso devido ao risco elevado de infarto. “Portanto, mulheres que passaram por quimioterapia e radioterapia para câncer de mama, seguidas de hormonioterapia, devem ser consideradas em risco adicional caso apresentem dor torácica. A radioterapia pode afetar as estruturas cardíacas, provocando inflamações e alterações no fluxo sanguíneo. Em resposta a essa necessidade, o HOL foi o primeiro hospital do SUS no Pará a ofertar o ecocardiograma com estresse famacológico”, explicou a especialista.

Com mais de um ano de operação, o Serviço de Cardio-Oncologia já executou mais de mil atendimentos no ambulatório e realiza, em média, 600 avaliações, 250 ecocardiogramas por mês. A ampliação na disponibilidade de ecocardiogramas também facilita o cuidado de pacientes neurológicos e aqueles em acompanhamento pré e pós-transplante. Atualmente, o hospital oferece diversas modalidades do exame: transtorácico, transtorácico com strain (ainda sem cobertura pelos planos de saúde); transesofágico e transtorácico com estresse.

A especialista em ecocardiografia do HOL, Aline Travessa, destaca que a adoção do ecocardiograma com estresse proporciona vantagens significativas no monitoramento da saúde cardíaca desses pacientes. “O exame detecta sinais de disfunção cardíaca em estágios iniciais, possibilitando intervenções mais rápidas e eficazes. Além disso, contribui para a personalização do tratamento oncológico, ajuste de medicações e estratégias terapêuticas para proteger o coração. A consulta regular com um cardiologista é fundamental para reduzir os riscos de morte súbita ou sequelas causadas por complicações cardíacas”.

O ecocardiograma com estresse é realizado em um ambiente monitorado, com a supervisão de uma equipe especializada. A tecnologia de ponta utilizada no exame fornece imagens detalhadas do coração em tempo real, permitindo que os médicos detectem possíveis irregularidades no fluxo sanguíneo, na contração do músculo cardíaco e na estrutura cardíaca. Para a realização do teste, os pacientes devem permanecer em jejum por, no mínimo, 6 horas antes do procedimento.

Tecnologia a Serviço da prevenção e bem-estar
Essa nova oferta do Serviço de Cardio-Oncologia não se resume apenas a um exame de diagnóstico, mas sim a uma medida preventiva que pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O exame vai além de uma simples ferramenta de diagnóstico, funcionando como um método preventivo vital para a detecção precoce de alterações no funcionamento do coração. Dessa forma, é possível agir rapidamente, evitando complicações graves e assegurando que o tratamento oncológico não sobrecarregue o sistema cardiovascular do paciente.

De acordo com Fábio Araújo, diretor clínico do HOL, a saúde do coração dos pacientes oncológicos requer acompanhamento constante, tanto durante quanto após o tratamento. Muitas vezes, as complicações cardíacas podem surgir de forma silenciosa, sem apresentar sintomas imediatos, o que torna a monitorização ainda mais importante.

“A introdução do ecocardiograma com estresse no serviço de Cardio-Oncologia possibilita que os médicos visualizem o coração em tempo real, analisando a contração do músculo cardíaco e o fluxo sanguíneo de maneira precisa. Esse exame tem o potencial de preservar a saúde cardíaca dos pacientes durante o tratamento oncológico, garantindo que o sucesso na luta contra o câncer seja acompanhado de uma recuperação completa, sem comprometer a qualidade de vida”, destacou o diretor.