Mais de 20 toneladas de resíduos, grande parte plásticos. Este é o saldo do projeto Ecobarreira nos nove anos de atividades de retirada de lixo do Rio Atuba em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. A iniciativa de Diego Saldanha, que tem inspirado ações no Brasil e no mundo, ganhou na Sanepar um parceiro estratégico.
A convite da Companhia, Saldanha está percorrendo o Paraná para contar como é possível mudar o mundo a partir de iniciativas individuais e voluntárias. Nesta quinta-feira, Dia Mundial do Meio Ambiente, ele esteve em Londrina, no Norte do Estado, com empregados da Sanepar ajudando a pensar como despoluir os rios da região.
“A ação do Diego Saldanha traz uma luz para que haja um engajamento e mobilização pública cada vez maior em passos à reutilização e também à responsabilização. Nós sabemos que existem políticas públicas que devem direcionar essas ações; sabemos que há ações que não dependem do cidadão comum. Porém, nós podemos mudar o mundo a partir do nosso quintal”, resume Andrea Fontes, que integra o grupo gestor do Comitê de Voluntariado da Sanepar.
O gerente Geral da Companhia na Região Nordeste, Antonio Gil Gameiro, vê a iniciativa de Saldanha como uma alternativa efetiva para coletar os resíduos lançados indevidamente nos rios que, muitas vezes, chegam nos pontos de captação de água. “Além de ser esteticamente feio, acaba prejudicando até operacionalmente nossas bombas”, observa.
Gameiro destaca o posicionamento da diretoria da Sanepar colocando o Ecobarreira como uma referência para o trabalho em outros rios do Paraná. Ele entende que a caminhada de Saldanha é uma oportunidade de criar conscientização dos empregados, ao mesmo tempo em que se desenha a aplicação do modelo nas captações.
PLÁSTICOS– A Organização das Nações Unidas (ONU) deve elaborar um tratado sobre a eliminação do plástico no mês de agosto. Uma campanha global para reduzir o uso do material foi lançada neste 5 de junho. O tratado deve envolver metas progressivas de redução do uso plástico em produtos diversos, o que exige mudanças profundas nas políticas e no mercado.
O plástico é um perigo para a vida selvagem nos rios e oceanos, mas, também, já está contaminando o corpo humano. Partículas de micro e nanoplástico já foram encontradas no cérebro e no leito materno.
ECOBARREIRA – Há pouco mais de 20 anos, Saldanha nadava com amigos no Atuba, que passa no fundo da casa dele em Colombo. Foi lá que surgiu a ideia do seu sistema. O manancial, segundo ele, hoje é castigado pela poluição difusa e pelo esquecimento dos cidadãos da própria vizinhança. “A população não dá a devida importância”, diz. Ele afirma que apenas nas cheias, quando a água invade a casa das pessoas, há o reconhecimento do manancial como algo que todos devem cuidar.
Premiada diversas vezes, a Ecobarreira do Atuba contribui para a despoluição do Iguaçu, o maior rio do Paraná, em cuja foz se formam as Cataratas do Iguaçu. O que começou com garrafas PET e rede de proteção, hoje virou uma balsa, feita com tambores presos a uma estrutura metálica, o que permite andar sobre ela, facilitando a retirada do lixo que desce flutuando pelo rio. O material retirado por Saldanha na barreira é separado e doado para uma cooperativa de catadores.
Em seu relato sobre o projeto, ele fala das dificuldades até de interpretação da iniciativa. Depois de anos sendo chamado de louco, hoje ele vê o projeto ganhando novos incentivadores pelo mundo. Pelas redes sociais ele já alcança mais de um milhão e 100 mil de pessoas.
“Cada um pode fazer um pouquinho, mostrar que é possível. Basta ter força de vontade”, comenta. “Todo mundo diz aí que ama o Planeta, que quer salvar a Amazônia, os oceanos, mas o que que a gente tá fazendo em casa, na rua em frente de casa?”.
Além de receber visitas na Ecobarreira, Saldanha faz palestras nas escolas. “A educação ambiental para crianças é extremamente importante. No adulto o mau hábito está enraizado. Se ele joga o lixo na rua, eu falando, não vai mudar”, lamenta.
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