Trabalhar desde cedo para projetar um futuro grandioso. Aos 17 anos, Laura Goes Casteleins, de Curitiba, sabe que esse é o caminho. Estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Paulo Leminski, ela comemora ter conseguido estágio em uma transportadora de medicamentos durante o período de estudos, onde cuida do arquivamento de comprovantes de entrega. Ela é uma das beneficiadas do Conexão Empregabilidade, programa da Secretaria de Estado de Educação que facilita acesso de alunos ao mercado de trabalho .
“Eu queria ter liberdade financeira, não depender dos meus pais. Estou guardando dinheiro para a formatura, para o meu carro e para a faculdade”, conta. Para a mãe dela, Geovana Casteleins, o impacto do estágio vai além do bolso. “Quando surgiu a oportunidade de ela sair da sala de apoio e ir pro mercado de trabalho, abriu um novo horizonte. Ela é outra pessoa”, diz.
O programa Conexão Empregabilidade é voltado a estudantes da rede pública a partir de 16 anos. Os alunos podem estagiar enquanto tiverem vínculo com a rede estadual, e recebem salários compatíveis com os empregos. A expectativa é formar uma nova geração mais qualificada e com acesso às tecnologias e ao dia a dia para encarar um mercado de trabalho cada vez mais desafiador.
O estudante Luiz Nascimento Melo, de 17 anos, também de Curitiba, conseguiu estágio em uma empresa de convênios médicos. Ele auxilia os profissionais da área mercadológica fazendo gráficos, analisando sistemas e observando a concorrência, colocando em prática inclusive aprendizados adquiridos com ferramentas utilizadas em sala de aula. "Mais do que o salário, eu queria uma oportunidade para ter uma experiência de trabalho, entender como funciona ter um emprego", diz. "E está sendo bem importante nesse momento".
Lançado em 2023 como projeto-piloto, a política pública aposta na parceria entre escolas, empresas e instituições qualificadoras, que aproximam a formação escolar com as demandas do mercado de trabalho. O Conexão Empregabilidade opera em parceria com empresas e instituições de interesse público, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Paraná) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), na capacitação dos estudantes, na abertura de oportunidades de trabalho e na divulgação das vagas.
Além da ponte com empresas, promove ainda a capacitação profissional, com oficinas de currículo e preparação para entrevistas, tudo com o objetivo de desenvolver competências essenciais como comunicação, trabalho em equipe e resolução de problemas. As experiências de estágio e em programas de aprendizagem são importantes para reduzir a evasão escolar, aumentar a qualificação profissional dos estudantes, fomentar a empregabilidade, reduzir o subemprego e melhorar a renda familiar.
VOCAÇÃO– Para Emily Rosentaski, de 17 anos, o estágio é uma forma de confirmar uma vocação antiga. Estudante do curso técnico de Formação de Docentes Integrado (FDI), ela trabalha em uma escola de educação infantil e se prepara para cursar ensino superior em Pedagogia. “Desde os cinco anos de idade eu brincava de professora. Agora eu tenho certeza de que quero seguir nisso. O estágio me mostrou que estou no caminho certo”, diz.
Antes de conseguir a vaga de estágio, a jovem participou do Ganhando o Mundo – maior programa de intercâmbio das redes estaduais de ensino do Brasil. Ela viajou para o Canadá para passar um semestre letivo, o que também ajudou a expandir horizontes. Para ela, a oportunidade de morar fora do Brasil ajudou na vaga de estágio. "Eu aprendi muita coisa lá. Uma delas foi a ser mais responsável, que é algo muito importante no mercado de trabalho", afirma.
Erick Gonçalves de Oliveira, também de 17, chegou a Curitiba há dois anos, vindo de Minas Gerais para morar com a mãe. Hoje, é jovem aprendiz no setor financeiro de uma empresa, concilia o trabalho de quatro horas diárias com os estudos no Colégio Estadual Paulo Leminski, além de ajudar a mãe financeiramente dentro de casa.
“Achei que nem ia passar na entrevista. Agora, com o dinheiro que ganho no estágio, consigo ajudar minha família e também crescer pessoal e profissionalmente”, diz. Para o futuro, está entre Economia e Engenharia Civil. “Quero seguir no mundo corporativo.”
Para Nick Martins, também estudante do Colégio Estadual Paulo Leminski, o estágio tem permitido mais do que aprender tarefas administrativas em uma empresa de consórcio. Aos 16 anos ela ajuda os avós em casa e, com o próprio dinheiro, banca um hobby exigente: os livros.
“Gosto de escrever poesia, textos de ficção fantástica com novos mundos e línguas. Também gosto de escrever poesia. A minha diretora vai me ajudar a publicar um livro”, conta. Depois do ensino médio, quer fazer Letras e trabalhar com edição. “Trabalhar cedo dá responsabilidade e liberdade. E ler é caro”, brinca.
ENSINO PROFISSIONALIZANTE– O programa se soma a uma série de iniciativas que a Secretaria de Educação tem desenvolvido visando a preparação de jovens para o mundo do trabalho. Exemplo disso, é o crescimento da Educação Profissional e Técnica (EPT) da rede de ensino paranaense. Ao longo dos últimos anos, o Estado saiu de 10,4 mil alunos para mais de 120 mil estudantes matriculados em cursos técnicos.
Também houve uma atualização das matrizes e planos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio. A revisão envolveu a participação do setor produtivo, especialistas e coordenadores, com foco em adaptar os cursos às demandas do mercado de trabalho, elevando as chances de empregabilidade dos estudantes. Na ocasião, 20 cursos técnicos foram atualizados.
Com o objetivo de fortalecer a qualidade do ensino em todas as regiões do Estado, a Secretaria da Educação investiu no desenvolvimento e na implementação de materiais didáticos digitais. A estratégia envolveu a criação de conteúdos digitais adaptáveis, alinhados aos novos planos de curso, que garantem a uniformidade no ensino, independentemente da localidade da escola, desde a Capital até municípios menores.
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