Chegou junho e com ele o cheirinho de pólvora, o calor da fogueira, o gosto do licor de jenipapo e de comidas feitas com milho. A decoração muda: o céu, antes vermelho, passa a ter tons de cinza que dá esperança; a terra rachada amolece; as praças e casas passam a receber bandeirolas e balões; o quadriculado entra na moda. Com junho vem também a alegria do que, para muitas pessoas, é a melhor época do ano: São João.
Tradição, assim podem ser definidos os festejos juninos para o nordestino, povo que vive o São João, que respira festa junina e que ama sua terra e seus costumes. Em Alagoinhas, essa cultura é mantida com as apresentações das quadrilhas, do som das grandes vozes que vêm acompanhadas da zabumba, sanfona e triângulo e do arrastar de pés que levantam a poeira do ‘salão’.
O forrozeiro Chiquinho Forró Pesado, consagrado por levar em suas músicas a regionalidade nordestina, destacou o real sentido do São João. “O forró é de suma importância nos festejos juninos, e para mim é tudo. Esse ano, completo 40 anos de forró. Então, sou muito suspeito para falar de como o ritmo traz cultura para a cidade e alimenta nossas raízes. Sem o forró não existiria São João”, disse.
Costumeira e carregada de identidade, a Junina Beija-flor é uma das mais tradicionais quadrilhas de Alagoinhas. A manifestação cultural traz, pela dança, um resgate histórico do Nordeste. ”Não tem festejo junino se não tiver quadrilha. Nós somos nordestinos. Então, para mim, é muito importante ter a peça das quadrilhas mostrando a tradição e valorizando nossa cultura. Alimentar isso faz com que mantenhamos as quadrilhas vivas”, afirmou o presidente da Junina Beija-flor, Ademir de Souza Santos.
A diretora de Cultura, Maria Tereza de Castro, enfatizou o São João em Alagoinhas como um marco histórico das tradições nordestinas. “Os nossos festejos juninos têm valor simbólico expressivo que vai além de espaço de expressões artísticas: a importância cultural, reforça memória, comunhão e tradição. Ao manter vivas suas raízes culturais, Alagoinhas reafirma o valor das suas origens e promove o reconhecimento da riqueza do seu patrimônio imaterial, garantindo que a essência da cultura e identidade própria, com a valorização de seus saberes e costumes entre gerações, despertando o sentimento de pertencimento dos alagoinhenses”, concluiu.
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