O portal do Centro de Inteligência Geográfica e Gestão Ambiental (Cigma), inovação implantada em 2025 pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria deEstado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), permite classificar de forma sistemática os focos de queimadas e incêndios florestais com base na natureza da queima: prescrita, controlada ou não autorizada.
Essa nova metodologia, inédita no país, cruza dados geoespaciais, autorizações emitidas por órgãos competentes e registros de campo, permitindo uma leitura mais precisa e contextualizada dos focos registrados.
“A medida representa um avanço na governança ambiental do fogo, diferenciando com clareza o uso legal e estratégico do fogo — utilizado, por exemplo, para manejo em unidades de conservação — das ocorrências irregulares ou não autorizadas”, explica o titular da Semarh, Marcello Lelis.
A iniciativa vem com outro importante resultado: de janeiro a maio deste ano, o estado registrou uma redução de 24,9% no número de focos, quando comparado ao mesmo período de 2024. Isto, apesar de o estado apresentar, historicamente, uma tendência natural de aumento dos focos de calor a partir de março — especialmente por conta das condições climáticas favoráveis à propagação do fogo.
Foram registrados um total de 1.392 focos de queimadas neste ano, contra 1.854 focos em 2024, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Marcello Lelis, enfatiza que esse resultado positivo é reflexo direto de uma série de ações de planejamento, monitoramento e prevenção promovidas pelo Governo do Tocantins, por meio da Semarh, e em colaboração com outras instituições estaduais e federais. “O governo seguirá investindo em inovação, capacitação e monitoramento, promovendo uma gestão ambiental moderna e eficiente”, ressalta.
O secretário acrescenta que o Estado tem adotado com crescente intensidade práticas de Manejo Integrado do Fogo (MIF), com destaque para as ações de queima prescrita e queima controlada. A queima prescrita, conduzida de forma técnica e autorizada dentro de unidades de conservação, é uma estratégia preventiva para a redução de incêndios florestais de grande porte. Já a queima controlada é realizada por proprietários rurais que solicitam autorização prévia ao Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).
Cigma
De acordo com a análise do Cigma, no período de janeiro a maio de 2025, cerca de 27,6% dos focos de queimadas registrados no Tocantins ocorreram de forma autorizada. Desses, aproximadamente 23,1% foram identificados como queima controlada e 4,5% como queima prescrita.
Segundo o coordenador do Cigma e professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Marcos Giongo, esses dados mostram que uma parcela importante dos registros está associada a atividades regulares devidamente autorizadas e fiscalizadas. “Quando se observa especificamente o mês de maio, que concentrou o maior número de focos do ano até agora, essa proporção aumenta ainda mais: 34,6% dos focos ocorreram em áreas onde havia autorização para queima controlada ou onde estavam sendo conduzidas práticas de manejo do fogo, especialmente nas unidades de conservação”, salienta.
O coordenador reforça que, ao sistematizar e classificar os tipos de ocorrência, o Cigma amplia a transparência das ações do poder público e oferece dados mais precisos para subsidiar a tomada de decisão, o planejamento de ações emergenciais e a formulação de políticas públicas. “É importante destacar que parte significativa dos focos registrados neste primeiro semestre ocorreu em áreas sob gestão ou atuação direta de órgãos públicos estaduais e federais, como parte de programas de prevenção, manejo e controle”, pontua.
Essas intervenções, conforme o coordenador do Cigma, são fundamentais para evitar que incêndios de grande porte se alastrem durante os meses mais críticos, geralmente entre julho e setembro, quando as temperaturas são mais elevadas e a umidade do ar atinge níveis críticos. “A capacidade de diferenciar tecnicamente os tipos de queima, utilizando geotecnologias e bases de dados atualizadas, coloca o Estado em posição de vanguarda no Brasil no que diz respeito à qualificação das informações ambientais. A experiência tocantinense demonstra que é possível combinar prevenção, tecnologia, conservação ambiental e produção rural em uma abordagem integrada, colaborativa e baseada em evidências”, finaliza o coordenador Marcos Giongo.
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