Incentivo à agricultura familiar e segurança alimentar, os programas de compra institucional de alimentos têm campo fértil nos perímetros irrigados estaduais. Em 2025, irrigantes de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão entregando hortaliças para a merenda escolar. Eles também conquistaram o primeiro lugar no ranqueamento das propostas sergipanas ao Programa de Aquisição de Alimentos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘compra com doação simultânea’.
Ao todo, foram selecionadas seis propostas ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de agricultores assistidos pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Cinco desses projetos estão entre os dez mais bem ranqueados pela Conab. São 148 irrigantes que propõem entregar, durante um ano, 382 toneladas de alimentos para benefício de 21.500 pessoas em situação de insegurança alimentar.
Com as seis propostas sendo efetivadas pelo Governo Federal, os agricultores assistidos pela Coderse com irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria na formação de documentos e elaboração das propostas vão receber, ao todo, R$ 2.219.359,00 de remuneração, pelo cultivo desses alimentos. Iniciados os pagamentos, os técnicos da companhia estadual voltam a atuar no apoio ao controle das entregas e na prestação de contas à Conab.
Pela Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI) - instituição melhor ranqueada no grupo da ampla concorrência do PAA em Sergipe - o irrigante Ozéias Beserra aguarda o sinal verde para começar a entregar os tomates, pimentões, abóboras e abobrinhas que ele já está cultivando no Perímetro Irrigado Califórnia. “A expectativa está sendo enorme. Já estamos nos preparativos de produção e plantio, só aguardando o recurso [federal] chegar para a gente começar as atividades. A gente já está com a semente, esperando para plantar o repolho também”, afirma.
Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite informa que outras três associações do perímetro irrigado de Lagarto, uma do perímetro de Itabaiana e uma cooperativa de irrigantes de Malhador, são assistidas pela empresa pública e estão ranqueadas para, também, participar do PAA da Conab em 2025. “Desde 2008, a Coderse apoia seus irrigantes a participar do PAA e nesse tempo eles entregaram quatro mil toneladas de produtos da irrigação, para pessoas em insegurança alimentar em Sergipe. É uma forma de escoar a produção por um preço justo, fixo e por um período programado. O irrigante consegue fazer o uso integral de sua propriedade e gera uma renda melhor do que fosse colocar os produtos direto no mercado”, pontua.
Merenda escolar
Por meio da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Ozéias Beserra já está entregando os tomates que ele cultiva para a merenda das redes estadual e municipal de ensino, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A gente plantou tomate há alguns anos atrás. Agora, estamos retornando, por conta da chamada pública, com o município e com o Estado. A importância da assistência técnica da Coderse é boa porque nos orienta, ajuda a gente a trabalhar com tomate, ajuda no controle de doenças e de pragas, a gente tem uma experiência muito boa. Também ela nos fornece a água de inverno a verão, a gente não tem problema com água, e precisa de bastante água para a cultura do tomate”, relata.
O agricultor irrigante toca o seu lote no perímetro Califórnia com a ajuda dos três irmãos e um trabalhador rural contratado. Sem contabilizar as plantinhas ainda em fase de mudas, protegidas na estufa para crescer, Ozéias Beserra tem três lavouras de tomate em fases diferentes de desenvolvimento. Desta forma, ele pode fazer mais de uma colheita semanal e entregar o fruto por um período prolongado, como exige o PNAE. “A quantidade de tomate que a gente está produzindo hoje é baixa, ainda, fica variando entre dois mil e três mil quilos por semana. A importância do PNAE é porque ele tem um preço estabilizado, nem sobe nem desce, estabiliza em um preço que é justo para o produtor, o que incentiva a gente a trabalhar com o PNAE. Se não fosse assim, eu não plantaria o tomate porque é um produto que oscila muito de preço,hora sobe demais, hora ele abaixa muito e, como é uma cultura que não aguenta tempo [de prateleira], está no ponto de encolher. Se você pegar uma fase que o preço esteja baixo, a venda não cobre os custos de produção”, justifica Ozéias.
Mín. 12° Máx. 22°