A combinação de água parada e temperaturas elevadas cria condições ideais para a reprodução de pernilongos e outros mosquitos, levando a um aumento significativo desses insetos no ambiente. Como consequência, tornam-se mais frequentes as picadas que provocam coceira, inchaço e vermelhidão na pele.
Essa reação é natural e acontece porque, ao picar, o mosquito introduz saliva contendo substâncias estranhas ao organismo. Diante disso, o sistema imunológico entra em ação para neutralizar esses agentes, desencadeando uma resposta inflamatória que gera os sintomas característicos.
Segundo a dermatologista e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Dra. Lívia Pino (CRM: 52.76962-2), a maioria das reações às picadas é leve, mas é essencial saber identificar os sinais de alerta e adotar medidas eficazes para aliviar os sintomas e evitar complicações. De acordo com a especialista, vermelhidão, leve inchaço e coceira intensa são sintomas normais, provocados pela resposta do organismo à saliva do inseto.
“Quando o mosquito pica, ele injeta uma saliva que contém enzimas e proteínas com a função de evitar a coagulação do sangue e facilitar sua alimentação. Essas substâncias não são tóxicas, como muitos pensam, mas são estranhas ao nosso organismo e, por isso, ativam o sistema imunológico. A liberação de histamina é o que causa a coceira, a vermelhidão e o inchaço”, explica a dermatologista, acrescentando que pessoas com predisposição a alergias podem apresentar respostas mais intensas a essas substâncias.
Em alguns casos, porém, a reação à picada pode ultrapassar os sintomas locais e evoluir para quadros mais graves. A dermatologista alerta que, diante de sinais como febre, dificuldade de respirar, inchaço nos olhos, nos lábios ou sensação de garganta fechando, é essencial procurar atendimento médico imediato. Esses sintomas podem indicar uma reação sistêmica grave, como a anafilaxia, que exige intervenção rápida. Outro fator preocupante é a possibilidade de infecção secundária no local da picada, especialmente em crianças pequenas que tendem a coçar com mais intensidade.
“Se a área da picada estiver com vermelhidão progressiva, muito quente, dolorida ou apresentar secreção amarelada, ou esverdeada, é provável que tenha ocorrido uma infecção bacteriana, que também precisa de tratamento médico”, destaca a especialista.
Dra. Lívia Pino também esclarece que, mesmo pessoas que nunca tiveram reações alérgicas podem desenvolvê-las ao longo da vida. Isso porque o sistema imunológico pode se sensibilizar após múltiplas exposições à saliva do mosquito. “Alguns indivíduos só desenvolvem alergia na vida adulta. É uma resposta individual que depende do grau de sensibilização do sistema imunológico”, afirma.
Além dos sintomas habituais, há situações em que o corpo manifesta reações inflamatórias mais intensas. A formação de bolhas, endurecimento da pele ao redor da picada, dor persistente, aumento progressivo do inchaço e aparecimento de ínguas próximas à área afetada indicam que a resposta inflamatória está mais acentuada.
“Em crianças, é comum observar um quadro conhecido como prurigo estrófulo, uma reação alérgica às picadas, principalmente de mosquitos, que se manifesta por bolinhas vermelhas muito pruriginosas em áreas expostas como braços, pernas, rosto, pescoço e cabeça. Essas lesões podem persistir por semanas e exigem avaliação dermatológica”, ressalta a médica.
De acordo com a médica, a melhor forma de lidar com as picadas de mosquito é preveni-las. Para isso, é fundamental o uso de repelentes apropriados, especialmente em áreas endêmicas. Estratégias eficazes incluem o uso de roupas que cubram o corpo, telas de proteção nas janelas, mosquiteiros sobre camas e berços (com atenção para não prender o mosquito no interior da tela), repelentes elétricos e também os lenços repelentes, uma opção portátil e dermatologicamente testada, ideal para toda a família, inclusive crianças a partir de seis meses.
“A prevenção ainda é a melhor forma de proteção. As picadas não são apenas incômodas: elas podem levar a quadros alérgicos, inflamatórios e infecciosos, especialmente em crianças e pessoas mais sensíveis. Por isso, é importante adotar medidas de proteção e buscar orientação médica sempre que houver dúvida ou agravamento dos sintomas”, pondera a dermatologista.
Para aliviar os sintomas e evitar infecções, a principal recomendação é evitar coçar. Isso pode ser difícil diante da coceira intensa, mas é essencial para não romper a pele e abrir caminho para infecções secundárias.
Como aliviar a coceira se for picado?
Tem pessoas que colocam gelo e calo no local da picada. Mas entre as possibilidades de alívio da coceira também há novidades. Um deles é o dispositivo Bug Boom, desenvolvido especificamente para alívio da coceira e foi recém-lançado no Brasil, com aprovação e registro (10438720036) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele alivia sintomas leves como coceira e desconforto ao promover uma sucção sobre a pele por dez a 20 segundos.
“A coceira causada por picadas de insetos incomoda demais as pessoas, especialmente as crianças. Nosso objetivo é ajudá-las a aliviarem a coceira sem ter que passar nenhuma pomada com substância medicamentosa, minimizar o incômodo e desconforto de ficar se coçando e claro, evitar os arranhões e machucados causados pelo vai e vem das unhas na pele”, explica Gustavo Reis, diretor da Agpmed, empresa desenvolvedora do novo dispositivo no Brasil.
Esse tipo de dispositivo não deve ser confundido com repelente. “O ideal é estarmos sempre protegidos para não sermos picados. O dispositivo é focado em aliviar a coceira causada por picadas de insetos e não é um substituto do repelente”, explica.
Dra. Lívia Pino explica ainda que manter a pele limpa com sabonetes suaves e evitar produtos irritantes ajuda na recuperação. “Pomadas com corticoides podem ser utilizadas em casos mais intensos, mas sempre com orientação médica. Já pomadas com antialérgicos de uso tópico não são indicadas pelos dermatologistas, pois muitas vezes causam mais irritação do que alívio. Em situações em que a coceira é mais intensa e não melhora com medidas locais, antialérgicos orais podem ser prescritos”, recomenda a dermatologista.
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