O cinema como instrumento de reflexão e reinserção social. Essa foi a premissa da 1ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Sistema Prisional, iniciada na manhã desta terça-feira, 15, no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão, município da Região Metropolitana.
A ação é articulada nos 26 estados pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), dentro de uma estratégia de reintegração social por meio do acesso à cultura e à educação.
“Fui uma das profissionais que recebeu capacitação durante 30 dias para operacionalizar essa ação, cujo propósito é o despertar da consciência e a sensibilização sobre a importância dessa fase de vida que os internos passam aqui. Essa ação é a demonstração de que eles podem ter uma segunda chance, reconstruindo suas trajetórias”, detalha a policial penal Jólia Nascimento, que participou da organização do evento.
Para a professora Marli Barreto, que atua como coordenadora pedagógica da unidade via parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Seed), a iniciativa potencializa que os internos vislumbram as possibilidades após cumprirem suas sentenças. “O estudo e o incentivo que eles encontram aqui são elementos incentivadores para a construção de uma nova realidade lá fora. Após o filme, faremos uma reflexão justamente nesse sentido, para que eles se motivem cada vez mais a percorrer uma trajetória diferente. O ponto principal é que deixamos claro que acreditamos no ser humano”, destaca.
Resistência e reação
Contextualizando a temática do filme exposto, ‘Confluência’, o interno D.S., de 42 anos, que atuou 15 anos como profissional de comunicação, destaca que esse processo de ressocialização reforça o sentimento de resistência a um cotidiano árduo de interno numa unidade prisional, e oferece a perspectiva de uma reação positiva para as novas fases que virão.
“Essa mostra também retrata a situação de resistência, trazendo o lado positivo, que é a possibilidade de transformar o local onde estamos, ao invés de sermos transformados. Esse processo de construção nos mostra que podemos ser diferentes ao sairmos daqui”, revela ele, antes de iniciar a função de captar imagens dos próprios colegas para oficinas internas de iniciação artística.
A programação da mostra prevê as sessões reflexivas com os internos e o corpo técnico da unidade, no período da tarde. Nesta edição, a iniciativa também ocorrerá no Presídio Feminino (Prefem), a partir da próxima quinta-feira, 17.
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