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Pará realiza primeiro seminário da região Norte sobre vigilância do HTLV em gestantes e crianças

Evento pioneiro, promovido pela Sespa, marca início da implantação da vigilância da infecção no Estado e fortalece ações de prevenção e cuidado

11/08/2025 às 15h44
Por: Redação Fonte: Secom Pará
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (11), a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) promove o primeiro Seminário da Região Norte sobre Vigilância do HTLV em Gestantes e Crianças, no auditório da instituição, em Belém. O encontro, realizado em parceria com o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), acontece das 8h às 17h e reúne especialistas, gestores e representantes de movimentos sociais para trocar experiências e definir estratégias de prevenção, diagnóstico e cuidado.

O evento marca um passo importante para a saúde pública no Pará. O Estado será o primeiro da região Norte e o oitavo no Brasil a implantar um sistema de vigilância para o Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV). A principal meta é criar uma linha de cuidado específica para gestantes, parturientes, puérperas e crianças expostas ao vírus, com foco especial em impedir a transmissão de mãe para filho.

A secretária-adjunta de Gestão de Políticas de Saúde da Sespa, Heloísa Guimarães, destacou que essa iniciativa faz parte de um compromisso mais amplo do governo. “Estamos construindo uma política pública capaz de dar visibilidade a um problema que afeta milhares de pessoas no Brasil, mas que ainda é pouco conhecido. Nosso objetivo é garantir que cada mulher grávida e cada criança exposta ao vírus recebam atenção integral, desde o diagnóstico até o acompanhamento. E para isso, precisamos trabalhar juntos, fortalecer a rede de atenção e garantir que ninguém fique sem cuidado”, afirmou.

A programação do seminário conta com palestras e rodas de conversa sobre a situação do HTLV no Brasil e no Pará, métodos de diagnóstico, estratégias de prevenção e orientações para o cuidado com gestantes e recém-nascidos. O objetivo é capacitar profissionais de saúde e mobilizar a sociedade civil para formar uma rede de atenção integral. O público-alvo inclui médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais que atuam na Atenção Primária e na vigilância em saúde.

Na mesa de abertura, estiveram presentes representantes da Sespa, Universidade Federal do Pará (UFPA), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Pará (Cosems-PA), Sociedade Brasileira de Infectologia, Ministério Público, ONG Arte pela Vida e outras instituições parceiras.

Para a promotora de Justiça Elaine Castelo Branco, do MPPA, a parceria com a Sespa é fundamental. “O Ministério Público está de mãos dadas com a Sespa, participando ativamente de comitês e parabenizando o Pará por esta iniciativa. Se as mudanças previstas forem implementadas, seremos o oitavo Estado no Brasil a adotar essa inovação”, disse.

Antes de falar sobre os riscos do vírus, o coordenador de IST/Aids da Sespa, Marcos Santos, lembrou que a vigilância é fundamental para que o diagnóstico seja feito cedo e o tratamento seja iniciado o quanto antes. Isso aumenta as chances de evitar complicações e reduz drasticamente a possibilidade de transmissão. “O HTLV é um retrovírus da mesma família do HIV, mas com evolução distinta. A infecção, quando transmitida de mãe para filho, pode levar até 5% das crianças a desenvolverem leucemia no futuro. Bloquear essa transmissão significa salvar vidas e prevenir sofrimento”, explicou.

Representando a UFPA, Antônio Carlos Valinoto destacou que o Pará está entre os três estados com mais casos da doença. “Estamos nessa luta desde a década de 1990 e sempre sentimos falta de um acompanhamento estruturado para os pacientes. Agora, com essa iniciativa, temos a possibilidade real de mudar essa história”, ressaltou.

Para Rosiana Nobre Cardoso, da Diretoria de Vigilância em Saúde da Sespa, a medida também é uma forma de justiça. “Estamos falando de pessoas que estavam invisíveis. Hoje damos um passo histórico na proteção e assistência a esses pacientes”, afirmou.

O que é o HTLV? -O Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) é um vírus que ataca células de defesa do organismo. Ele foi descoberto nos anos 1980 e pode causar doenças graves, como um tipo de leucemia e problemas neurológicos.

A transmissão pode ocorrer por relações sexuais sem preservativo, compartilhamento de seringas contaminadas e de mãe para filho — especialmente durante a amamentação. Não existe cura, mas o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico reduzem muito o risco de complicações.

Com a implantação da vigilância, o Pará pretende aumentar o diagnóstico, melhorar a prevenção e garantir que gestantes, crianças e demais pessoas expostas ao vírus tenham acompanhamento completo.

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