Saúde: CAPS Castanheira completa 21 anos promovendo apoio psicossocial e saúde mental

Em Marabá, o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Castanheira III completa 21 anos como um importante equipamento público de promoção da saúde mental no município, envolvendo a média e alta complexidade.

O centro faz parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) e é responsável pelo acompanhamento de pacientes que apresentam quadros de saúde mental considerados graves, persistentes e severos. São casos em que a pessoa está com a qualidade de vida comprometida, sem interação social e com sofrimento emocional intenso.

O CAPS é um serviço de porta aberta em que o paciente passa por acolhimento e triagem com um técnico de referência para saber se seu caso se encaixa no perfil atendido pelo serviço. Caso esteja nos parâmetros de atendimento, o paciente passa a ser acompanhado pelo técnico, que é um profissional de nível superior, e que passa a elaborar um Projeto Terapêutico Singular (PTS) para a pessoa atendida.

“Geralmente, é alguém que já fez algum tipo de acompanhamento psiquiátrico em algum momento da sua vida; alguém que está passando por alguma situação, por exemplo, uso de álcool, algum sofrimento que leve a um comportamento suicida, agudo, grave; alguém que está fora do mercado de trabalho, estudo. Várias situações fazem com que uma pessoa sofra e, dependendo da situação, alguns mais graves vão ser acompanhados por nós”, explica Paula Aviz, enfermeira psiquiátrica e técnica de referência do CAPS.

O PTS compreende ações que envolvem a família do paciente e atividades que ele pode desenvolver no âmbito do centro, como grupos terapêuticos e oficinas diversas como pintura, bordado, crochê, entre outros. Entre os grupos, podem ser citados: redução de danos; autonomia e qualidade de vida; habilidades sociais, jardinagem, funcional, carimbó, expressão corporal, entre outros. Atualmente, o CAPS possui 23 grupos e oficinas. O objetivo do PTS é garantir que o paciente busque autonomia e a sua reinserção no seio social.

O paciente também é incentivado a buscar atividades que o façam se sentir bem, se inserindo na comunidade como, por exemplo, aquelas disponibilizadas pelos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS).

“Eu acho que é muito prazeroso quando o usuário e a família fazem parte dessa construção e quando a gente vê que melhorou. Quando você acolhe o usuário pela primeira vez e escuta aquelas queixas e, depois de dois, três ou até seis meses o usuário volta com novas perspectivas de vida, isso é prazeroso para nós”, reforça Paula Aviz.

Em casos considerados mais delicados, o CAPS realiza o acolhimento integral, em que o paciente dorme no centro, ou diurno, em que apenas passa o dia, a fim de acompanhá-lo e promover atividades em que possa ser inserido.

Josicléia Mendes é uma das 1409 pacientes em atividade no CAPS atualmente e é acompanhada há 12 anos pelo centro. Ela relata o que o serviço significa para sua vida.

“Eu faço tratamento no CAPS há muito tempo. Eu gosto do CAPS. São uns amores de pessoas, ajudam a gente, terapia, tudo. Eu gosto da pintura porque ela me acalma. Vir para cá mudou tudo, conhecer pessoas”, afirma.

A técnica de referência da Josicléia há um ano é a psicóloga Brenda Correia, que também a atendeu por três anos em uma Unidade Básica de Saúde. Para a profissional, é satisfatório acompanhar o desenvolvimento dos pacientes.

“É muito gratificante assim de ver que não só dela, mas de outros pacientes ganhando autonomia, conseguindo gerir a própria vida. Como profissional, a gente sempre tem esse objetivo de conseguir fazer com que o nosso paciente seja acompanhado de uma forma integral e que ele também tenha uma vida para fora do serviço. Esse é o ponto que a gente sempre objetiva chegar”, ressalta.

Ruthe Virgínio teve contato com o CAPS há mais de vinte anos e, atualmente, está há dez anos em acompanhamento contínuo, sendo muito ativa nas atividades e ações realizadas pelo centro. No CAPS, além de ter recebido o diagnóstico correto, ela desenvolve atividades como pintura.

“Onde eu fui internada a última vez, o médico deu o diagnóstico errado e a médica aqui, me acompanhando há dez anos, me deu o diagnóstico certo. Então, eu fiquei muito feliz, muito alegre, porque eles me acompanham. Eu gosto da pintura porque a gente não tem muito dinheiro, então, na pintura, eu sonho e coloco na pintura o meu sonho, o que eu quero, o meu objetivo que eu quero alcançar. É na pintura que eu faço”, afirma.

Ruthe também deixa uma mensagem importante sobre o acolhimento recebido no CAPS.

“O pessoal todinho aqui está pronto a receber vocês de braços abertos. Com certeza, vão ser bem recebidos, bem acolhidos. É um carinho tão grande que eles têm por nós”, conclui.

Cerca de 88% dos pacientes do CAPS têm entre 18 e 59 anos e 60% são mulheres. Só no mês de setembro foram 138 acolhimentos entre triagem e retriagem e, desses, 83 pacientes foram admitidos.

Hoje, o CAPS possui 66 servidores, com uma equipe multiprofissional composta por farmacêuticos, clínicos gerais especialistas em saúde mental, psiquiatra, enfermeiros, artesãs, assistentes sociais, psicólogos e os servidores que atuam nos demais setores.

A coordenadora do CAPS, Katiane Chaves, destaca a relevância do serviço oferecido pelo centro à sociedade e deixa um recado para quem precisa de apoio psicossocial.

“É uma instituição de saúde muito importante não só para Marabá, mas também para os municípios que são atendidos em área de abrangência e, com certeza, nós realizamos um trabalho muito importante dentro e fazendo parte da RAPS. Atendemos demandas espontâneas. É porta aberta. Trabalhamos de segunda a domingo. Estamos aqui para receber a população em geral, orientar, acolher e acompanhar de maneira efetiva”, pontua a coordenadora.

Veja alguns trabalhos realizados pelos pacientes do CAPS

Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos

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