

Na tarde desta quinta-feira (13), a plateia do Teatro Cidade do Saber (TCS) ficou lotada de estudantes da rede pública de Camaçari durante a I Mostra de Projetos de Educação Antirracista, promovida pela Secretaria de Educação (Seduc), por meio da Coordenação de Educação Étnico-Racial.
O evento marcou as atividades de culminância do projeto Novembro Negro – “Aquilombando Camaçari: Trajetória e (Re)existência”, que tem como objetivo promover mudanças de perspectivas epistemológicas na rede municipal, a partir da realização de ações articuladas que colocam em prática as Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, fortalecendo uma educação antirracista, decolonial e emancipatória.









Logo na recepção, quem passou pelo foyer do TCS pôde conferir de perto inúmeras fotografias e artefatos produzidos nas unidades de ensino, frutos das atividades pedagógicas desenvolvidas ao longo do ano. Em seguida, no centro do palco, os toques ritmados do grupo percussivo Grão de Areia evidenciaram a valorização das raízes e da cultura afro-brasileira, com uma apresentação abrilhantada por performance de dança.
Durante o evento, a vice-prefeita Pastora Déa Santos ressaltou que este é um grande momento para a escola pública, relembrando parte de sua própria história, especialmente como mulher negra. “Fui estudante de escola pública e, na minha época, não tínhamos essa oportunidade de nos reconhecer, entender quem somos e a nossa ancestralidade. Isso faz com que sejamos atropelados por uma sociedade racista. Atualmente, ainda enfrentamos a exclusão e lutamos por direitos, mas, através de ações como as desenvolvidas em nossas unidades de ensino, essas crianças podem se tornar homens e mulheres revolucionários, que desde cedo conhecem seus direitos, sua história e seu valor”, pontuou.

O secretário de Educação, Márcio Neves, destacou que as discussões sobre a temática nas escolas não ocorreram apenas durante o Novembro Negro, mas ao longo de todo o ano letivo. “O pedagógico tem sido o protagonista dentro da secretaria, e é isso que provoca a reflexão e o sedimentar de caminhos para os alunos. Desde o início do ano letivo, estão sendo realizadas ações voltadas à construção de uma educação antirracista e afrocentrada, como formações, campanhas de declaração, atividades dentro do Julho das Pretas, dentre outras diversas iniciativas. Precisamos, ainda mais, aquilombar nossa cidade e potencializar o letramento racial, para construirmos, a cada dia, uma Camaçari antirracista”, afirmou.

Em seguida, durante uma roda de conversa interativa, convidados puderam compartilhar experiências. A autora e idealizadora do Projeto Brincanderê – Educação Antirracista, premiado em 2023 pelo Movimento Natura Acolher e indicado para o Prêmio Destaque Cidadania 2025, Bárbara Pereira Santana, servidora pública e gestora de Igualdade Racial no município, falou sobre a iniciativa e destacou a importância do trabalho intersetorial.
“O Brincanderê realiza oficinas de instrumentos musicais, relacionando música e África, tratando a ancestralidade não apenas como passado, mas também como presente, cultura e respeito. A luta pela igualdade racial é uma pauta transversalizada, envolvendo as áreas social, cultural e educacional”, declarou.

O repórter e apresentador Müller Nunes também participou da roda de conversa. Ele compartilhou sua trajetória no jornalismo, destacando como encontrou na profissão uma vocação para contar histórias, enfrentar o racismo e transformar realidades.
“Fui um jovem de escola pública e, naquela época, queríamos nos sentir representados, ver pessoas negras em posições de destaque e nos enxergar ali. Também era normalizado ouvir insultos racistas. Felizmente, isso vem mudando, e hoje vemos mais negros e negras em destaque, saindo do papel apenas de serviço. As pautas estão em mudança. Em minha experiência, a educação foi o ponto de transformação, e quero dizer a essa juventude que agarre as oportunidades”, afirmou.

Ainda no palco, professores cursistas da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) compartilharam experiências. Entre eles, Maria das Graças de Oliveira, vice-diretora da Escola Municipal Ilay Garcia Ellery, falou sobre as ações antirracistas desenvolvidas na instituição. “Durante todo o ano promovemos trabalhos voltados ao tema, em diferentes perspectivas”, destacou.
Entre os exemplos, Maria das Graças citou palestras sobre o Código Civil e avanços para as mulheres, especialmente as mulheres negras; racismo ambiental; o projeto Ciranda do Livro, em que os alunos levam obras para casa e compartilham ideias na escola; trocas de experiências com personalidades sobre literatura infantil afro-brasileira, empreendedorismo negro, entre outros. “Durante os desfiles cívicos de setembro, levamos frutos desse trabalho para a avenida, apresentando inclusive super-heróis negros criados pelos alunos”, completou, destacando que mais iniciativas estão programadas ainda para este ano.

As ações foram avaliadas positivamente pelos estudantes, como Ingrid Beatriz dos Santos, 15 anos, aluna do 9º ano do Ilay. “Acho que são oportunidades enriquecedoras, nas quais adquirimos conhecimento, principalmente sobre as culturas negra e indígena, que devem sempre ser lembradas e celebradas”, afirmou a jovem.

Outro ponto alto do evento foi a entrega do Prêmio Professora Iara Bispo, criado para reconhecer educadores, lideranças e iniciativas que promovem práticas antirracistas e fortalecem a equidade dentro e fora das escolas, valores que marcaram profundamente a trajetória de Iara Bispo.
Mulher negra e filha das periferias de Salvador, Iara Bispo foi licenciada em Letras Vernáculas pela UCSAL e pós-graduada em Línguas Estrangeiras. Dedicou sua vida a construir oportunidades reais para crianças, mulheres e comunidades. À frente do Centro Educacional Maria Quitéria, liderou a implementação das Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, tornando a unidade referência municipal em educação antirracista. Idealizou a Frente Ampla das Mulheres de Comunidade de Camaçari (FAMC) e foi reconhecida como a melhor gestora do Brasil pelo Instituto Lemann, um marco que registra sua excelência e impacto social.
O evento contou ainda com apresentação artística de estudante e foi encerrado com as Sambadeiras por alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), coroando uma tarde de celebração, aprendizado e compromisso com uma educação pública cada vez mais plural, inclusiva e antirracista.
Uma série de ações foi realizada nas unidades de ensino dentro do Novembro Negro – “Aquilombando Camaçari: Trajetória e (Re)existência”. O encerramento acontece nesta sexta-feira (14), no Teatro Tupinambás, que integra o Colégio Estadual de Vila de Abrantes. O projeto também prevê a exibição de painéis da campanha visual, dispostos na sede e orla do município, como na Praça João Ramos Coroa, popularmente conhecida como Praça dos 46, e na entrada de Arembepe, retratando personalidades negras de relevância histórica em diversos campos do saber, com destaque para a educação.




















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