O mês de outubro, marcado pelo calendário mundial como “Outubro Rosa”, uma campanha voltada para a conscientização e prevenção do câncer de mama, que busca alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, segue com a doença ocupando a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que 73.610 novos casos de câncer de mama sejam registrados até 2025, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres e cerca de 18 mil mortes. Além desse índice, outro aspecto da saúde é preocupante: segundo os especialistas, as mulheres com câncer de mama têm mais chances de ter depressão. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais DSM-V, 33% dos pacientes com câncer de mama têm depressão.
Segundo Cinthya Leal, psicóloga do AmorSaúde, rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS, o diagnóstico de uma doença crônica como o câncer de mama aproxima a paciente da perspectiva de morte, de dor, de impossibilidade de cura. “A paciente passa pela experiência da perda do corpo saudável e sai de um lugar de domínio da própria vida para a vulnerabilidade de um tratamento invasivo e que acarretará grandes mudanças”, explica.
Para a profissional, um cenário de medo, rejeição, mudanças físicas, preocupação com a família, fragilidade e o estigma do diagnóstico surgem como potencializadores de um adoecimento mental. Pensar na própria finitude é algo incômodo e, para muitos, assustador. Diante do diagnóstico de uma doença que põe em risco a continuidade da vida, como é o caso do câncer de mama, a paciente encara um lugar de dúvida, insegurança, revolta, injustiça e inúmeros questionamentos que podem levar a um estado depressivo.
Câncer de mama e depressão
São diversos fatores que estão intrínsecos no diagnóstico do câncer de mama, por isso, o apoio psicológico é fundamental para que essa paciente seja cuidada de forma integral. Leal aponta que são questões que afetam a feminilidade, a sexualidade, a autoestima, a forma física, estética, temas delicados e sensíveis que precisam ser abordados de maneira gentil e afetuosa diante de um cenário avassalador. “O apoio de um profissional da psicologia no atravessamento desses desafios é importante para que a paciente encontre formas de existir dentro desse processo”, ressalta a psicóloga.
Para isso, Cinthya cita a terapia individual e em grupo como caminhos para trabalhar essas existências fragilizadas. “O autoconhecimento que a terapia possibilita não vai fazer os problemas desaparecerem, mas vai dar ao paciente a capacidade de ampliar seu horizonte e enxergar que existem possibilidades”, explica.
Os cuidados paliativos também podem entrar em cena logo no início do tratamento e, ao contrário do que diz o senso comum, não é sobre morte, é sobre vida. “É sobre dar dignidade ao paciente durante o tratamento, acompanhar essa família que também sofre junto ao ente adoecido, proporcionar melhor qualidade de vida durante todo o processo”, enfatiza Cinthya.
Como oferecer suporte emocional
A psicóloga também aponta a importância de amigos e familiares próximos conseguirem oferecer um suporte emocional adequado. “Se fazer presente num momento desse é de suma importância para o tratamento de uma mulher que enfrenta um diagnóstico de câncer de mama. Acolher, escutar, respeitar são ações que precisam entrar em cena se pensarmos num cuidado digno de um paciente com uma doença que põe em risco a continuidade da vida”.
Leal também sinaliza ações, muitas vezes, comuns, mas que não são indicadas como cobrar da pessoa uma força que nem ela mesmo consegue ter; fazer comparações; culpabilizar, de alguma forma, a pessoa pela situação em que ela se encontra, atrelando o sofrimento e o medo à falta de fé e força de vontade; e apresentar estatísticas negativas sobre a doença, por exemplo.
A profissional também aconselha que as pessoas próximas possam estar atentas a todas as mudanças de comportamento dessa paciente para identificar sintomas de depressão como:
Esses são alguns dos sinais de um adoecimento mental e a ajuda profissional é mais assertiva se acionada desde o início, ressalta a psicóloga.
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