

As comemorações foram feitas em seminário estadual para debater o futuro da ciência no campo – Fotos: João Vitor Beck
Entre os dias 20 e 23 de outubro, a Epagri promoveu um seminário em Florianópolis para comemorar os 50 anos de pesquisa na empresa e debater o futuro da ciência no campo. O evento reuniu cerca de 400 pessoas, entre pesquisadores, dirigentes e parceiros institucionais. As discussões apontaram que os próximos 50 anos da pesquisa agropecuária em Santa Catarina serão marcados pela inovação aberta, pela sustentabilidade e pela integração entre biotecnologia, digitalização e práticas agroecológicas.
O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, abriu o seminário destacando o papel da pesquisa na projeção do agronegócio catarinense no cenário mundial. “Quando observamos os números do Brasil e a evolução da agricultura, vemos que o que transformou o setor foi a ciência, a tecnologia e a pesquisa desenvolvidas no próprio País, que tropicalizaram o nosso agronegócio. Santa Catarina está acima da média nacional por razões claras: conta com cientistas competentes e produtores rurais visionários, que incorporaram as tecnologias geradas aqui e impulsionaram de forma notável a produtividade das culturas agrícolas”, afirmou.
Para o presidente da Epagri, Dirceu Leite, o evento celebrou um marco que reflete o enorme salto que Santa Catarina deu nas últimas décadas. “Avançamos em produtividade, em técnicas de cultivo e em manejo de diferentes culturas, o que colocou o estado em destaque no cenário nacional como grande produtor de alimentos, contribuindo para a segurança alimentar do Brasil e do mundo. A pesquisa agropecuária é parte essencial dessa trajetória de sucesso. Comemorar as bodas de ouro é reconhecer a importância da ciência para uma empresa forte e para um estado cada vez mais desenvolvido”.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Epagri, Reney Dorow, ressalta que o diferencial da empresa está na integração entre pesquisa agropecuária e extensão rural — uma combinação que se tornou referência nacional. “A pesquisa gera inovação e tecnologia, e a extensão transforma esse conhecimento em resultados no campo. Essa união é o DNA da Epagri e a base para o desenvolvimento sustentável de Santa Catarina. O conhecimento só tem sentido quando chega ao agricultor, e para o futuro a Epagri continuará sendo essa ponte entre a ciência e a vida cotidiana das pessoas”, salienta.
O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Carlos Chiodini, destacou o papel da Epagri como um dos pilares do desenvolvimento rural catarinense. “A qualidade da pesquisa e da extensão da Epagri é um divisor de águas para o Estado. A inovação é uma das marcas de Santa Catarina e o trabalho da empresa tem sido essencial para manter o agro catarinense competitivo e sustentável”, afirmou.

O seminário foi promovido pela Epagri e pela Federação dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina (Feagro). Para o presidente da Feagro, Mário Veríssimo, a federação sempre esteve próxima dos pesquisadores da Epagri, fortalecendo a conexão entre agronomia, pesquisa e o crescimento do agronegócio e do desenvolvimento rural no estado. “É uma grande satisfação estar presente, oferecendo apoio logístico e operacional, e contribuir para que este evento de vulto se torne um marco para a história da pesquisa em Santa Catarina. A Feagro se sente honrada por fazer parte desta celebração”, diz ele.

Confira como foram as discussões do seminário e que perspectivas cada uma delas trouxe para o futuro da pesquisa agropecuária em Santa Catarina.
O painel sobre Mudanças Climáticas e Sustentabilidade abordou os desafios impostos pelos cenários climáticos futuros e a necessidade de adaptar os sistemas produtivos catarinenses. Foram destacadas evidências da intensificação de eventos extremos, como alterações em regimes de chuva e temperatura, e os riscos associados à segurança alimentar, biodiversidade e recursos hídricos. “As apresentações convergiram na importância de tecnologias adaptativas, diagnósticos agroclimáticos regionais e no redesenho dos sistemas produtivos como estratégias para fortalecer a resiliência da agropecuária”, explica o coordenador do painel, pesquisador da Epagri Éverton Blainski.

O painel também trouxe uma reflexão sobre o papel da sustentabilidade após a Agenda 2030, destacando a convergência entre ciência, política e gestão para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A discussão reforçou que a sustentabilidade na pesquisa agropecuária depende da integração multidisciplinar, de investimentos contínuos em ciência e da articulação entre diferentes atores do sistema de inovação. “Ao promover esse debate, a Epagri reafirma seu compromisso com a geração de soluções tecnológicas que conciliam produtividade, conservação ambiental e qualidade de vida no meio rural”, afirma Blainski.
O painel sobre Inovação Aberta mostrou que o futuro da pesquisa depende da cooperação entre instituições públicas, empresas privadas, startups e produtores. As falas evidenciaram que a inovação aberta é a base para transformar conhecimento em impacto social e econômico, consolidando Santa Catarina como referência nacional em pesquisa aplicada e cooperação científica.

O presidente da Fapesc, Fábio Wagner Pinto, mostrou como o Estado colabora com isso ao mostrar que Santa Catarina ocupa hoje o 2º lugar no ranking nacional de competitividade em ciência, tecnologia e inovação, resultado do expressivo aumento nos investimentos estaduais, que saltaram de R$80 milhões em 2022 para R$257 milhões em 2024. A Fundação aposta em áreas estratégicas como biotecnologia, inteligência artificial, agricultura digital, transição energética e mobilidade, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
No painel, o gerente regional da Finep, João Florêncio da Silva, apresentou os instrumentos de financiamento da instituição, que já contratou R$40 bilhões em 4,6 mil projetos entre 2023 e 2025. As ações estão alinhadas às seis missões da Nova Indústria Brasil, com destaque para as cadeias agroindustriais sustentáveis, a bioeconomia e o apoio à agricultura familiar, que contará com R$120 milhões para o desenvolvimento de tecnologias acessíveis e de base agroecológica.
A agricultura digital se destacou no seminário como uma das principais fronteiras para o futuro do setor agropecuário. A integração de tecnologias avançadas — como softwares, sensores, drones, inteligência artificial e georreferenciamento — já vem mostrando resultados significativos em produtividade, sustentabilidade e eficiência no uso de insumos. De acordo com o gerente da Epagri/Cepa e coordenador do painel, Dilvan Ferrari, Além de permitir maior controle e planejamento das lavouras, essas ferramentas auxiliam na tomada de decisão baseada em dados precisos, e podem consolidar a Epagri como referência na geração de conhecimento aplicado à realidade dos agricultores catarinenses.

Segundo Dilvan, as perspectivas para o futuro da agricultura digital apontam para um setor ainda mais conectado, inteligente e sustentável. Conceitos como Smart Farming e Agricultura 5.0, aliados à combinação de IA, biotecnologia e robótica, prometem tornar as propriedades rurais cada vez mais autônomas e eficientes, com rastreabilidade total da cadeia produtiva e gestão consciente dos recursos naturais. “Para a Epagri, o desafio e a oportunidade estão em fortalecer plataformas digitais, ampliar o uso de dados e apoiar decisões estratégicas dos produtores, promovendo uma agricultura moderna, sustentável e alinhada às demandas do mercado e da sociedade”, explica o pesquisador.
As novas fronteiras da pesquisa agropecuária também passaram pelo debate no painel Tecnologias Ômicas. Especialistas em biotecnologia apresentaram caminhos capazes de transformar o futuro da agricultura catarinense e nacional, com foco em soluções mais sustentáveis e de alta precisão. Entre os destaques, estiveram os avanços em edição gênica com a tecnologias que permitem desenvolver plantas e microrganismos mais resistentes e nutritivos, e as aplicações da biotecnologia de precisão, como as tecnologias que reduzem a dependência de defensivos químicos. Também foram discutidas as possibilidades de usar mutações controladas no melhoramento genético, acelerando a criação de novos cultivares adaptados aos desafios climáticos e produtivos.

Para pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga, Daniel Pedrosa Alves, que coordenou o painel, as discussões reforçaram a necessidade de incorporar abordagens genômicas aos programas de pesquisa da Epagri, integrando o melhoramento convencional às ferramentas de biologia molecular. “Os encaminhamentos apontam para o fortalecimento de parcerias com universidades e centros de pesquisa, além da formação de profissionais especializados em biotecnologia e agricultura de precisão genética”, destaca.
As discussões sobre bioinsumos no seminário dos 50 anos de pesquisa da Epagri evidenciaram que essa é uma das fronteiras mais promissoras para o futuro da agricultura catarinense e nacional. O tema conecta sustentabilidade, inovação e soberania tecnológica, ao explorar a biodiversidade local como fonte de soluções biológicas capazes de substituir insumos sintéticos.
De acordo com o coordenador deste painel, pesquisador da Epagri/Cepaf Leandro do Prado Ribeiro, a pesquisa com micro-organismos multifuncionais — que atuam como agentes de controle biológico, promotores de crescimento e indutores de resistência — abre caminho para uma agricultura menos dependente de fertilizantes e defensivos derivados do petróleo, contribuindo para a descarbonização dos sistemas produtivos e para a competitividade dos produtores diante das novas exigências de mercado, cada vez mais voltadas a produtos sustentáveis.

Para o pesquisador, as perspectivas apontam para a consolidação de um programa institucional de bioinsumos na Epagri, integrando diferentes áreas e equipes de pesquisa. “A criação de um marco de licenciamento interno e a aproximação com a iniciativa privada são passos estratégicos para transformar conhecimento de bancada em produtos aplicáveis e rentáveis, gerando royalties e novas fontes de financiamento para a pesquisa. Com o novo Marco Regulatório dos Bioinsumos e o crescimento acelerado desse mercado — que deve triplicar até 2030 —, a Epagri se posiciona para ampliar sua atuação nesse campo, fortalecendo parcerias, formando redes de inovação e colocando a biodiversidade catarinense no centro de soluções que unem ciência, sustentabilidade e desenvolvimento rural”, diz ele.
Durante o evento, foi assinado um protocolo de intenções entre a Epagri e a Embrapa, voltado ao desenvolvimento conjunto de pesquisas em fruticultura de clima temperado, integração lavoura-pecuária, macroalgas e agricultura familiar. Também foi anunciada a implantação de um hub de inovação em Canoinhas, além de grupos de trabalho nas áreas de cereais de inverno, olivocultura e mecanização agrícola.

Outra conquista foi o decreto estadual nº 1.244/2025, que regulamenta a relação entre as Instituições Científicas e Tecnológicas e as Fundações de Apoio, fortalecendo a cooperação com o setor produtivo e ampliando a captação de recursos para pesquisa e inovação. O decreto foi publicado no Diário Oficial de Santa Catarina no dia 22 de outubro.
O evento foi realizado com o apoio do CREA/SC, BRDE, Confea, Mútua/SC, Sicoob MaxiCrédito, Ocesc, Fecoagro, Faesc e Fapesc. Os representantes dessas instituições reforçaram o papel estratégico da Epagri na geração de conhecimento e no fortalecimento do agro catarinense.
Para o presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, cinco décadas de pesquisa agropecuária é um marco histórico que precisa ser comemorado. “A Epagri se destaca pela excelência, inovação e contribuição decisiva para a segurança alimentar, a qualidade de vida da população e o fortalecimento do agronegócio catarinense. Seus resultados, como tecnologias registradas e milhares de publicações, refletem o empenho de pesquisadores comprometidos em gerar conhecimento que orienta decisões estratégicas. Foram os resultados dessas pesquisas que colocaram Santa Catarina como referência nacional e internacional no setor agropecuário”, ressalta Pedrozo.

A representante da região Sul no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Caroline Burtet, afirmou que a instituição fez questão de fazer parte do seminário de 50 anos de pesquisa da Epagri. “O evento é um espaço estratégico de valorização do conhecimento, da ciência e da engenharia agronômica como ferramenta de transformação no campo. Por isso o Confea está presente, porque apoiar a inovação e investir em capacitação técnica são compromissos da atual gestão. Onde há engenharia, agronomia e geociência, há desenvolvimento, há inovação, há futuro ”, diz ela.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea/SC), Carlos Alberto Kita Xavier, ressaltou a importância da pesquisa para a engenharia agrícola. “A Epagri é um exemplo de como a ciência e a engenharia podem transformar a realidade do campo catarinense. O CREA-SC tem orgulho de apoiar esse momento e reafirma seu compromisso com a inovação e a valorização dos profissionais que impulsionam o futuro do agro. Este seminário é uma oportunidade de pensar os próximos passos e fortalecer ainda mais essa parceria entre pesquisa, tecnologia e produção”, diz.

O diretor geral da Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA-SC (Mútua/SC) Álvaro Dourado, afirma que ao longo dessas cinco décadas, a Epagri se consolidou como referência nacional em inovação agropecuária, contribuindo com tecnologias, cultivares, práticas de manejo e informações que transformam realidades no campo. “Estamos falando de meio século de ciência aplicada, de compromisso com o desenvolvimento sustentável do campo e de um trabalho que impacta diretamente a vida de milhares de produtores catarinenses e brasileiros”, diz ele.
O gerente rural e agroindustrial do BRDE em Santa Catarina, Carlos Aurélio Ribeiro, destacou a relevância do crédito orientado para a inovação: “O BRDE e a Epagri se complementam. A Epagri faz a pesquisa e nós financiamos os projetos. Somos parceiros históricos da Epagri em projetos que unem pesquisa, crédito e sustentabilidade. Essa integração é essencial para transformar ideias em resultados concretos no campo”, diz ele.
Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de comunicação da Epagri
(48) 3665-5407 / 99161-6596
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